23 agosto, 2023

INCORRIGÍVEL

Queria entender quando tudo ficou assim

Cinza

Quando as pessoas deixaram de ser interessantes

Quando os relacionamentos passaram a ser um instante

Quando tudo deixou de reluzir e ser atraente

Será que sempre fui assim?

Será que só por um momento eu vi um mundo colorido

E deixei isso passar?

Será?

O cinza não é ruim 

É até como gosto das coisas

Como gosto da cidade

O dias nublados e frios são bucólicos

Os chuvosos são meus preferidos

Talvez isso explique muito 

Talvez não diga nada

E talvez seja para ser assim

Incorrigível

Já até me acostumei com o cinza

02 março, 2023

ME AMO ANTES

Não esperava tanto

Não agora

Eu te amo 

Amo como nunca amei ninguém

Como nunca vou amar alguém

Eu te amo demais 

Mais do que deveria

Mais do que queria 

Mais até do que poderia amar

Mas eu me amo mais 

Amar é o que nos impede

O amor que nos une 

É o mesmo amor que nos separa 

Eu jamais vou te esquecer

Nem deixar de amar

Queria gritar: te amo

Te amo, mas me amo antes


21 janeiro, 2022

TAO POUCO

Queria que me desculpasse 

Eu te dei tão pouco 

Mas eu aceitava pouco também

E de tão pouco 

Secou 

No fim éramos duas enormes represas 

Vazias 

Aí acabou 







21 março, 2019

Não Agora


Tão perto
Mais do que poderíamos
Menos do que queríamos
O suficiente
Perto o suficiente para saber
Sentir
Saber que te queria
Sentir seu cheiro
Que sempre te quis
Sentir sua respiração
Saber que ainda te quero
Sentir que me quer
Saber que me quer
Perto
Tão perto
Mas não agora

01 março, 2019

Os Quasamores

É possível uma vida sem amar?
Uma existência só
Sem ter amado
Amar e ser amado

Os quasamores existem
São aqueles flertes no ônibus
A moça da faculdade
A professora do primário

Quasamor é aquele unilateral
Não correspondido
As vezes até recíproco
Mas sem acontecer

Quantos somos capazes de ter ao longo da vida?
Vários
Muitos
Todos
São incontáveis os quasamores

Amando um
Estando com outro
Ou aquele por inteiro
Mas que pouco durou

Aquele que ninguém soube
Só você
O secreto, o escondido
O que de tão exposto, perdeu-se

Uma vida de quasamores não lhe garante um amor
São fragmentos que não formam absolutamente nada
Peças que jamais se encaixarão
Pedaços sem sentido
Cada quasamor é único
Uma história, um motivo, uma vida
Nunca formarão nada, separados ou juntos
Serão dor, memória, passado
Serão eternos
Mesmo sem nunca terem sido
Lembranças do que não foi
Do que poderia ter sido
Lembranças, nada mais

01 agosto, 2018

Abstinência


Quantas e quantas vezes eu tive vontade de chorar
De raiva
Incontrolável
Sua!
Sim, sua. Só sua. Toda sua.
Você me desperta os piores dos sentimentos
Beira a insanidade
Um ódio de morte
Da minha!
Da sua!!!
Uma vontade de desaparecer, de sumir, de desistir de tudo
Mas aí lembro que quem fez isso foi você e só fico pior
Mais louco ainda
É essa sua mania de se desligar, de fugir, de sumir
De sair por aí para pensar e me deixar aqui
Agoniada 
Sem saber como está, onde está, com quem está
Eu quero briga e você quer paz
Eu quero guerra e você ignora
Eu tô com raiva de você, por que não vem me ver?
Preciso tanto de você, de um carinho, um abraço, um beijo seu
Não quero brigar, quero você
Mas você some
Não é que eu te odeie, eu odeio não ter você aqui
Odeio estar longe de ti, ficar sem você
Viciei no teu cheio, no teu toque
Sinto abstinência
Talvez não seja ódio, é falta, é minha crise de não ter você
Meu surto, minha ira, minha brisa que passa
Volta, me abraça
Que passa


20 março, 2018

Déjà vu

Se a cabeça não esta boa, nada mais estará.
Tudo o que tenho produzido tem sido mal feito, já não interajo com as pessoas, já não converso, já não as felicito. O quarto tem sido mais que um refúgio, é quase uma trinxeira e o entorno não me agrada mais. Vontade de sair, sumir, fugir. Andar sem rumo, sem sentido. Sentido esse que perdi também. Vontade de que? Impressionante como tudo muda tão rápido, há poucas semanas era o cara mais feliz do mundo e agora isso, não suporta se olhar no espelho. Do sucesso ao fracasso em dois instantes. O que mudou? De verdade? Nada! É tudo fruto de uma mente doente. Ela vê, ela faz, ela inventa. Por mais que os olhos vejam o lado belo da vida, a cabeça já não processa mais assim. É tudo turvo, negro, escuro, frio, feio, assustador. Nada é novo, nenhuma novidade até aqui, tudo é conhecido. Apenas revivo situações, momentos. Mas conhecer não significa saber lidar. Pensei que fosse e me enganei redondamente. Redondo como essa redoma que coloquei em torno de mim. Me livra de muita coisa, é verdade. Mas me impede de viver outras que talvez me ajudassem a sair daqui. É como um buraco com escadas, não caí aqui, eu desci. Desci aos poucos e fui me acomodando, a escada continua ali, é só sair. Até consigo, mas não sei se quero. São dias estranhos. Outros virão pela frente. Como sei? Já disse que nada é novidade, é um déjà vu
a cada dia.