Não foi algo que planejei, simplesmente aconteceu, e também não foi a
primeira vez que conheci uma mulher insegura, com angústias gigantescas dentro
de seu coração. Com um medo que jamais presenciei em outro alguém. Medo de sair,
de viver, medo até de sorrir, e olha que ela tem belas curvas, tanto no sorriso
quanto no corpo, tem um rosto que parece ter sido desenhado à mão e com muito
capricho, tamanha perfeição, ao menos para meus padrões de beleza.
Ela precisava de algo diferente, de alguém que a escutasse, lhe desse
carinho e atenção, que a incentivasse a viver e também a acreditar em seus
sonhos. Ela precisava de alguém pra cuidar dela, de sua autoestima e de seu
coração ferido. E encontrou. Encontrou o médico de sentimentos, aquele cara que
chega de mansinho, um verdadeiro cavalheiro, muito bom de cama, que a faz gozar
gostoso, que a deixa de pernas bambas.
Mas esse cara às vezes acaba se envolvendo, mesmo sem querer, com suas
pacientes. Acaba se apegando, um apego que jamais lhe trouxe coisas boas. Esse
sentimento lhe faz sentir um desejo de ficar sozinho, vontade de ser sempre um
cafajeste, de ser individualista e de cada vez mais ser livre de seus
sentimentos.
Porém algo lá dentro diz que é pra não mudar, continuar sendo um bom rapaz,
seguir reconstruindo e concertando feridas e corações de quem dele precisar. Afinal,
este é seu jeito de ser.
E antes de tudo, só um aviso: Este serviço, remendos de coração, é
feito apenas uma vez, então quando for se entregar, procure alguém que a faça esquecer
os momentos que tivemos, e que depois não me procure, nunca mais, pois estarei
cuidando de outros corações feridos, já que essa é a missão desse homem
diferenciado.
Texto: José Netto
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