25 dezembro, 2015

O Médico de Sentimentos

Não foi algo que planejei, simplesmente aconteceu, e também não foi a primeira vez que conheci uma mulher insegura, com angústias gigantescas dentro de seu coração. Com um medo que jamais presenciei em outro alguém. Medo de sair, de viver, medo até de sorrir, e olha que ela tem belas curvas, tanto no sorriso quanto no corpo, tem um rosto que parece ter sido desenhado à mão e com muito capricho, tamanha perfeição, ao menos para meus padrões de beleza. 

Ela precisava de algo diferente, de alguém que a escutasse, lhe desse carinho e atenção, que a incentivasse a viver e também a acreditar em seus sonhos. Ela precisava de alguém pra cuidar dela, de sua autoestima e de seu coração ferido. E encontrou. Encontrou o médico de sentimentos, aquele cara que chega de mansinho, um verdadeiro cavalheiro, muito bom de cama, que a faz gozar gostoso, que a deixa de pernas bambas.

Mas esse cara às vezes acaba se envolvendo, mesmo sem querer, com suas pacientes. Acaba se apegando, um apego que jamais lhe trouxe coisas boas. Esse sentimento lhe faz sentir um desejo de ficar sozinho, vontade de ser sempre um cafajeste, de ser individualista e de cada vez mais ser livre de seus sentimentos.

Porém algo lá dentro diz que é pra não mudar, continuar sendo um bom rapaz, seguir reconstruindo e concertando feridas e corações de quem dele precisar. Afinal, este é seu jeito de ser. 

E antes de tudo, só um aviso: Este serviço, remendos de coração, é feito apenas uma vez, então quando for se entregar, procure alguém que a faça esquecer os momentos que tivemos, e que depois não me procure, nunca mais, pois estarei cuidando de outros corações feridos, já que essa é a missão desse homem diferenciado.

Texto: José Netto