26 abril, 2014

Sofá

E quando chovia, era só me deitar no seu colo e ouvir os trovões.
Os clarões fazendo sobra na cortina da sala
A TV chiando
O filme triste
Sua mão em meus cabelos
A minha procurando um lugar pra ficar
Você olhando para a tela
E eu olhando pra você
Sua barba por fazer
De repente olhava pra mim e sorria
Sem motivo
Feliz por aquilo
Tão simples
Tão nosso
E voltava a ver a TV
Eu, mesmo interessada no filme, ainda te olhava
Fascínio meu
Você se reclina
Aproxima o seu rosto do meu
Respira
Sorri
Me beija
Suspira
Sorri
E fica ali
Eu sentindo sua respiração
Sua mão
E me beija
Como se agora fosse a TV quem nos assistisse
Outro trovão, o barulho da chuva
Você me pergunta se tem mesmo que ir
Digo que sim
De novo você sorri
Me beija, me pega nos braços
Me abraça
E diz que me ama
E sorrindo maroto pergunta se deve ir
Esse seu riso, difícil resistir.

17 abril, 2014

O que falta

Falta química
Toque
Pele
Cheiro
Falta chegar perto
Encostar, sentir
Chegar junto
Falta acontecer, desenrolar
Falta rolar
Momento
O momento
Aquele
Falta olho
No olho
Falta mão, falta tato.
Falta boca, na boca
Falta falar baixinho, sussurrar
Ao pé do ouvido
Falta ficar a sós
Nós

Falta o sorriso encabulado, amarelado
Envergonhado
E desavergonhado
Falta mão no cabelo
No meu, no seu
Arrumar, desarrumar
Atiçar
Fazer charme
Charmosa que é
Cheiro no pescoço
Sentir o perfume
No ar, na pele
Falta sentir saudade, falta
Falta pensar
Antes de dormir lembrar
Boa noite!
Acordar, bom dia!
No meio da tarde chamar, ligar
Pensei em ti, pensou em mim?
Emails, mensagens
Tecnologia tá ai pra ajudar
Afastar? Até!
Unir
Chegar mais perto
Chega mais
Vamos conversar
O que falta mesmo pra gente engatar?
Vão falar
Deixa pra lá
Faltou ouvir
O que?
Eu ou você?
Dizer
O que?
Que sim
Mas já?
Não!
Não?
Vamos tentar?
Por que não?
Prometo esperar
Flertar, disfarçar
Se me perguntar?
Desconversar
Negar
Sonhar
Contigo
Me permite conosco?
Falta pouco

16 abril, 2014

Teve um dia

Teve um dia que pensei em te ligar
Em ir ver como está
Se precisa de algo
Se te falta alguma coisa
Se ainda olharia para mim
Teve um dia aí
Que pensei que pudesse te encontrar
Reencontrar o que havia perdido
Foi num dia desses de chuva
Chuva e frio
Eu sentado no cama olhando pela janela
As gotas escorrendo pelo vidro
E o vento gelado insistindo em entrar
Dia desses
Desses que insistem em não começar
Em não acabar, em não passar
Mas passou
Acabou
Foi num dia aí
Que descobri
Que acordei
Que desisti.

15 abril, 2014

Não é para você

Essa é pra você, que não me lê
Que não me procura
Que não sonha comigo
Que não faz o seu dia pensando no meu
Que segue a vida sem querer saber da minha
Que não liga para o que escrevo
Sinto, penso
Se sofro, se sorrio
Se ainda penso ou se penso em ti
Ah, lembrei, você não lê
Então este não é para você
Não é!