27 março, 2011

Mesa de Bar

Dia desses um grande amigo meu me encontrou em um bar.

- Renato, que faz aqui tal hora da noite e em um lugar como este? Confesso não me recordar de tê-lo encontrado aqui outras vezes.

Ele tinha razão. Nunca havia feito isso.
Já tinha perdido a noção fazia um tempo. O silêncio do meu quarto já não era o bastante e suas paredes brancas já não conseguiam manter minha sanidade.
Já havia secado todas as minhas garrafas de Rum, Gin, Whisky e de tantas outras bebidas que outrora faziam meus pés tocarem ao chão.

- Já sei amigo, pelo seu rosto só pode ser mulher.

Novamente ele estava certo. Só mesmo uma mulher para me deixar naquele estado. Olhar vago, cabisbaixo. Mais parecia um zumbi.
Já me conhecia há anos, sabia todas as minhas expressões e o pior, sabia quando eu estava mentido.
Sentou-se ao meu lado e se dispôs a conversar. A escutar minhas queixas sobre a mulher amada. Mas desta vez não estava tão certo, então respondi:

- Engano seu meu amigo, não vim aqui para chorar minhas mágoas. Vim a procura de um outro coração tão solitário quanto o meu, alguém que entenda este bêbado e que me aceite como sou.

- Mas o bar está vazio. Até onde sei, não é aqui que vai encontrar o que procura. Já pensou que está no lugar errado?

- Talvez faça de propósito. Procuro onde sei que não vou encontrar. Talvez eu goste mesmo de viver sozinho, talvez eu só queira me embriagar, talvez eu nem precise mais procurar, talvez eu já a tenha encontrado.


Imagem: Mesa de Bar de João Werner

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