03 maio, 2010

Não consigo abrir meus olhos

Acordei com o sol batendo em meu rosto
Podia sentir seu calor aquecendo minha pele
Mesmo assim não consegui abrir os olhos
Permaneci imóvel por mais alguns minutos
Até que percebi que já estava com os olhos arregalados
E que mesmo assim não enxergava nada
Pensei então que fosse a luz
Que ela poderia estar ofuscando minha visão
Mas não
Mesmo não mais sentindo o calor em meu rosto, ainda assim não via nada
Levei as mãos à cabeça
Esfreguei meus olhos, mesmo assim não conseguia
Era desesperador
Não sabia onde estava
Comecei então a procurar meus óculos
Não vivo sem eles
Será que meu problema era esse?
Levantei com medo
Tateando a parede comecei a andar
Tropecei na cadeira
Esbarrei no mesa
Sempre os deixo ali
Não estava
Não consigo ver o que há em minha frente
O desespero toma conta de mim agora
Quero gritar, mas isso não adiantaria
Eu quero é voltar a enxergar
Tropeço em alguma coisa que está no chão e caio
Tento me levantar apoiando em alguma coisa
Mas nada esta ao meu redor
Deitado no chão começo a chorar
Desesperado vou rastejando quando sinto novamente um calor
Era o sol
Estava novamente próximo a uma janela
Consigo me apoiar e me levantar
Vejo que há uma pia em minha frente
Lavo o rosto, esfrego os olhos
Mas nada
Nada me faz ver o que há em minha frente
Começo a tremer
Uma mescla de raiva, ódio, um sentimento de impotência
Não consigo abrir meus olhos
Não vejo o que está em minha frente
Não sei mais fazer nada
Não sirvo pra nada
Ninguém vem me ajudar
Não sei onde estou
Grito.
Ainda trêmulo ouço passos
Vêem em minha direção
Aumentam a cada instante
De repente eles param
Ouço uma porta se abrir
A expectativa era enorme
O que seria? Quem seria?
Não posso ver
A porta se fecha
Os passos seguem agora cada vez mais distantes
O que eu sou?
Onde estou?
Por que não posso ver o que existem ao meu redor?
Sou eu que não vejo ou não querem que eu veja?
Não posso contar com meus olhos
Não tenho mais certeza das coisas
Perdi meus olhos, mas perdi também minha identidade
Insano
Se não vejo não acredito, não sou, não existo.
Morri!?

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