Terra? A grama aqui nasce por acaso, de teimosa que é. Aliás, grama nada, é mato mesmo, e dos ruins, se fosse grama já tinha morrido, isso aqui mais parece uma erva daninha. Nosso campo não tem tamanho correto, nem dimensões oficiais, e se as tiverem é por acaso. Às vezes nem fazemos as marcações das linhas laterais e de fundo. Quando a bola sai é aquele “auê”. Bola essa que aqui não é das mais perfeitas. Quadrada, oval, até com ela murcha já jogamos. Mas usamos até o fim, dá uma dó colocar aquela bola novinha, branquinha no meio daquela marmanjada ruim de bola.
Tá, tem uns que até sabem usá-la, esses são os primeiros a serem escolhidos. Agora os gordinhos, ou são os donos da bola ou então vão para o gol, na linha é sem chance. No máximo consegue uma vaga na zaga para completar o time, no máximo.
Tudo sempre começa por acaso, jogar bola todo mundo sempre quer, desde criança é assim. E quem disse que não somos? Quando vejo aquela redonda, rolando, linda na minha direção, pareço que volto aos meus oito anos. Nada mais me importa ao redor, agora, o momento é só nosso. E ai de alguém querer tirá-la de mim. De vez em quando dá até briga aqui, e tudo por causa dela.
Ninguém aqui é metido à besta, quem manda no campo somos nós. É difícil vir aqui e tirar um ponto da gente, aqui é nossa casa. Nós que construímos esse campo, colocamos as traves que no começo eram de madeira ainda. Um deu a cal, o outro trouxe o balde, um outro ali emprestou a broxa, e o campo foi ganhando suas formas. Algumas maiores outras menores, retas, tortas. Ah. Ninguém liga. Até que a bola começou a perturbar a vizinhança, uma janela quebrada ali, um carro amassado aqui, e tivemos que comprar uma grade. Ai sim, foi uma baita grana. Mas valeu a pena. O problema é que ela já está um pouco gasta, quase não segura nada, parece que a qualquer hora o vento vai derrubá-la ou até mesmo alguém vai pegar tétano se encostar-se a ela.
O maior orgulho nosso é ver a molecada brincando nesse campo, como me dá prazer. Saber que eles estão aqui por nossa causa, que poderiam estar por ai perdidos no mundo, mas não, estão aqui jogando bola no campo que eu ajudei a construir. Bem que a prefeitura poderia ajudar a gente, mas é difícil, eles estão preocupados é com eventos pra rico, periferia mesmo só de 4 em 4 anos. Na eleição chove vereadores, deputado, às vezes até prefeito, promete isso, aquilo. Um já disse que iria fazer um ginásio poliesportivo, que nada, nem campinho de bocha nós conseguimos.
Mas tudo bem. É mais gostoso assim. Saber que isso tudo é fruto do nosso sangue, do nosso suor, do nosso trabalho. Isso tudo aqui é só nosso, da comunidade, do povo. Eu vou passar, meu amigos também, mas esse campinho aqui será eterno, pelo menos na memória de meia dúzia que lutou para que ele existisse.
Tá, tem uns que até sabem usá-la, esses são os primeiros a serem escolhidos. Agora os gordinhos, ou são os donos da bola ou então vão para o gol, na linha é sem chance. No máximo consegue uma vaga na zaga para completar o time, no máximo.
Tudo sempre começa por acaso, jogar bola todo mundo sempre quer, desde criança é assim. E quem disse que não somos? Quando vejo aquela redonda, rolando, linda na minha direção, pareço que volto aos meus oito anos. Nada mais me importa ao redor, agora, o momento é só nosso. E ai de alguém querer tirá-la de mim. De vez em quando dá até briga aqui, e tudo por causa dela.
Ninguém aqui é metido à besta, quem manda no campo somos nós. É difícil vir aqui e tirar um ponto da gente, aqui é nossa casa. Nós que construímos esse campo, colocamos as traves que no começo eram de madeira ainda. Um deu a cal, o outro trouxe o balde, um outro ali emprestou a broxa, e o campo foi ganhando suas formas. Algumas maiores outras menores, retas, tortas. Ah. Ninguém liga. Até que a bola começou a perturbar a vizinhança, uma janela quebrada ali, um carro amassado aqui, e tivemos que comprar uma grade. Ai sim, foi uma baita grana. Mas valeu a pena. O problema é que ela já está um pouco gasta, quase não segura nada, parece que a qualquer hora o vento vai derrubá-la ou até mesmo alguém vai pegar tétano se encostar-se a ela.
O maior orgulho nosso é ver a molecada brincando nesse campo, como me dá prazer. Saber que eles estão aqui por nossa causa, que poderiam estar por ai perdidos no mundo, mas não, estão aqui jogando bola no campo que eu ajudei a construir. Bem que a prefeitura poderia ajudar a gente, mas é difícil, eles estão preocupados é com eventos pra rico, periferia mesmo só de 4 em 4 anos. Na eleição chove vereadores, deputado, às vezes até prefeito, promete isso, aquilo. Um já disse que iria fazer um ginásio poliesportivo, que nada, nem campinho de bocha nós conseguimos.
Mas tudo bem. É mais gostoso assim. Saber que isso tudo é fruto do nosso sangue, do nosso suor, do nosso trabalho. Isso tudo aqui é só nosso, da comunidade, do povo. Eu vou passar, meu amigos também, mas esse campinho aqui será eterno, pelo menos na memória de meia dúzia que lutou para que ele existisse.
Olha só... gostei da foto hein!
ResponderExcluirO lugar parecer ser legal...rs