02 junho, 2010

Invisíveis!?

Andei pelo centro nos últimos dias.
Pude reparar em um dos projetos do Governo do Estado juntamente com a Prefeitura da Cidade de São Paulo.

A chamada “Nova Luz” está a plenos pulmões.
O projeto de revitalização de um dos bairros mais castigados da região central está funcionando. É o Governo e a Prefeitura, enfim, trabalhando juntos.

Essa área próxima a estação da Luz ficou nacionalmente famosa por abrigar inúmeros usuários de crack. Não só consumidores dessa droga, mas também por traficantes. Era uma favela nas ruas do centro, a chamada “Cracolandia”. O mundo viciante das drogas. O paraíso para qualquer viciado. Seja ele de classe média, alta ou baixa. Rico ou pobre. Trabalhador ou vagabundo. Todos convivendo em perfeita harmonia.

O projeto de revitalização incluía a retirada dessas pessoas dali. O que se esperava era que elas fossem encaminhadas para algum tipo de serviço social ou que pudessem freqüentar uma clinica de desintoxicação para se tratar e enfim se livrarem do vicio. Mas isso não pode ser imposto, essa vontade deve partir do próprio usuário. Ele não pode ser forçado a se tratar, infelizmente quanto a isso não se pode fazer nada.

E aos que fazem da região um comercio ilícito, que vivem da venda do crack, ou de qualquer outra droga, o que se espera de nossos governantes é que se punam essas pessoas. Exemplarmente.

Pena que o que é bom dura pouco. Andei por menos de cinco minutos, saindo da região da Luz até a Praça da República. A cracolandia simplesmente se mudou. Andou menos de 2 km e hoje se encontra na região da Praça da República e nas ruas escuras de seu entorno.

Como um verdadeiro nômade, ela caminha para se abrigar em outro lugar.

Não há como ignorar esse problema.

Já no viaduto Orlando Murgel, um ponto mais afastado do centro, entre os bairros de Campos Elíseos e Barra Funda, sou obrigado a conviver com esses usuários diariamente. Escondidos sob a mureta. Esse pequeno muro os esconde da policia. Mas não é só isso, parece separá-los do mundo, da sociedade. Um muro capaz de torná-los invisíveis por quem passa por ali.

Na ponta do cachimbo uma brasa, uma droga, na outra o que sobrou de um ser humano.

Um caminho sem volta.

Mas quem sou eu para indicar o retorno?

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