05 junho, 2010

Um único abraço

Já era noite de domingo. Eu não tenho o costume de sair. Prefiro ficar em casa tomando meu Rum.

Não tinha nada em vista. A noite seria só minha e do pirata.
Seria. Não foi. Não tinha nada marcado. Não esperava por ninguém. Os amigos já nem me chamam para sair, sabem que prefiro ficar sozinho.

Pode soar depressivo, triste. Mas não é. Uma noite a só consigo mesmo pode ser muito interessante, e acredito, sei do que estou falando.

O telefone tocou. Estranho, não era ninguém. Mas pude ouvir que do outro lado da linha havia uma respiração ofegante.

Devia ser engano. Não era. Em menos de 20 minutos o fui surpreendido pelo interfone, era o porteiro avisando que uma moça estava querendo falar comigo. Perguntei a ele o nome da mulher, mas ele não sabia me disse que ela se recusou a dizer.

Pedi então que a descrevesse.

Não podia ser. Fiquei estático, por alguns segundos o tempo parou. Não podia acreditar no que ele estava me contando. Era você. Só poderia ser. A descrição era perfeita.

Nem desliguei o aparelho, apenas o soltei ainda com o zelador falando, nem liguei para o elevador, desci os sete andares pela escada, feito um louco. Pulando vários degraus e tropeçando em alguns.

Cheguei à portaria e vi sua silhueta através do vidro. Meu coração quase saltou pela boca. Mal podia acreditar que você veio até a mim. Estava tão só. Sinto tanto a falta de alguém. Mesmo não admitindo, ninguém gosta de ficar sozinho.

Contei cada passo até a porta A respiração ofegante nem era por causa da correria nas escadas, era a esperança de te ver.

O desejo de te reencontrar. A saudade. Ah, a saudade. Ela que me faz delirar à procura de você e ela mesma que me diz todas as noites que não vou te ter.

Cheguei à porta. Naquele momento só queria um abraço. Mais nada. O mundo poderia acabar que morreria feliz. Um único abraço era tudo o que eu mais queria, tê-la novamente em meus braços, sentir seu coração, sua pele, tocar suas mãos. Acariciar seu rosto, ver meus dedos entre seus cabelos.

O telefone tocou. Era meu chefe. Bebi demais. Adormeci ainda no sofá, perdi a hora, perdi meu sono, perdi meu sonho, perdi você.

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