16 novembro, 2010

Telefonema

Na mão um pedaço de papel
Nele o seu nome e logo abaixo oito números
Seu telefone
Olho para o celular, ele está assustador
Parece que se tocá-lo irá devorar minha mão
Tento uma, duas, três vezes
Enfim tomo coragem e seguro o aparelho
Olho mais uma vez para o papel
É tão simples, apenas discar
Mas não é tão fácil como parece
Disco o primeiro número, o segundo
O terceiro, e paro
Sequer consigo digitar o quarto número e desisto
O que está acontecendo comigo?
É só um telefonema
Deixo o celular e pego o telefone
Por mais de quatro vezes fiquei escutando o sinal de linha, até cair
Olhando para os números que parecem se misturar
Por que é tão difícil?
Minhas mãos já tremem, não sei por que
Consigo enfim discar os oitos dígitos
Ao primeiro toque desligo
Me sinto tão infantil com esta situação
Tão impotente
Beira o ridículo
Agora está mais fácil, o número já foi memorizado pelo aparelho
É só discar
Um toque, dois toques...
Três. Quatro
O quinto e... Alô?
Não era sua voz
Você já não estava mais em casa
Saíra há poucos minutos
E lá vou eu recomeçar este martírio de tentar te ligar novamente em outro momento
Era para ser tão simples.

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