02 julho, 2010

Duas caras

A única esperança que eu tenho está dentro de mim.
O problema é que odeio depender de mim.
Normalmente todas as vezes que isso me aconteceu me dei mal.
Não me dou bem comigo mesmo.
Diversas vezes já entrei em conflito com esse cara.
Ah, maldito ego.
Sei que a culpa é minha. Mas também sei que é dele.
Mais dele do que de mim.
O convívio piora a cada dia, cada ano que se passa.
Ele quer me deixar louco. Quer-me ver fracassando.
E sabe o que é o pior?
Ele sabe exatamente como fazer isso.
Conhece todos meus pontos fracos.
Sabe onde e como atacar. E não faz questão nenhuma de me ajudar.
Eu te odeio.
Mas não posso fazer nada contra você. Você sou eu.
Eu quis ser assim.
Desisto muito fácil das coisas.
Já desisti de mim mesmo diversas vezes.
Normalmente estudamos nossos inimigos.
Mas se eu fizer isso lhe darei todas as armas necessárias para me destruir.
Estaria praticamente entregando-lhe os pontos.
Não posso.
Não posso lutar, nem fugir.
Eu queria te encarar. Olhar na tua cara. Ver o teu rosto e esse seu olhar de satisfação.
E te dar um soco antes que me mostrasse este seu sorriso cínico.
Cínico.
Mas eu não posso.
Eu sou você.
Eu nem sei mais quem eu sou.
Se é você ou eu quem toma conta.
Tantas foram as vezes que eu estava no comando e você apareceu.
Eu queria acabar com tudo isso, mas não se acaba consigo mesmo.
Eu até poderia, mas você não deixa.
Você é covarde, medroso. Um menino assustado que foi trancado dentro de um quartinho escuro.
Você sequer consegue se levantar para abrir a porta e fugir. Fracassado.
Eu tenho vergonha de você.
Mas você sou eu. Eu sou você.
Somos o mesmo querendo ser diferentes.
Um eterno conflito entre o lado A e o lado B.
Entre o bem e o mal.
É uma pena eu nunca saber quem está certo.
Por que eu sempre estou errado.
E assim vou desvendando esse grande mistério e descobrindo que nem eu me conheço bem.
Eu sou eu. E você? Quem é você?

Um comentário: