26 março, 2010

Aquilo que eu não fui

Eu sempre quis ser jornalista, desde pequeno.
Meu pai sempre trazia o jornal. Eu o devorava.
Lia tudo. Mesmo não entendendo nada.
Adorava aquele monte de letras, uma do lado da outra.
Era impressionante como aquilo me hipnotizava, ficava ali vários minutos.
O cheiro do papel jornal era fascinante.
Viciava, diria até.
A tinta sujava minhas mãos, nem ligava.
Era a coisa mais bela, chegava perto da perfeição.
Nada me atraia nem a rua, nem a bola, nem pipa.
Nada além das letras.
Era aquilo que eu queria fazer
Um jornalista. Era isso o que eu queria ser.

E quando minha mãe ligava o rádio?
Ficava estático só observando aquela caixinha preta "falando".
Era outro desejo meu. Trabalhar no rádio.
Não consigo explicar aqui o tamanho da minha felicidade quando me falaram que jornalista também trabalha em rádio.
É o útil com o agradável. Poderia fazer as duas coisas.
Adorava ler, amava estudar. Perfeito

Mas não para por aí.

Foi então que me apresentaram a TV.
Deixei de lado os outros.
Mas não foi amor à primeira vista, como tivera acontecido com os outros dois.
Esse foi um amor de verão, aquele que não sobe a serra.
A TV não me conquistou como o jornal e o rádio.
Era aquilo que eu queria fazer.
Era um jornalista o que eu queria ser. Um jornalista.
O tempo foi passando, eu ficando mais velho e aprendendo cada vez mais.

A paixão pelo jornalismo virou amor eterno quando comecei a escrever. Não via a hora de ver um texto meu publicado em um jornal, mas tinha muito que estudar.
Estudei, terminei o Ginásio, o Colegial.
A relação ficou séria quando entrei na faculdade.
Jornalismo era o que eu queria.
Quatro anos me separava do meu sonho.
No último ano de faculdade eu mais parecia àquela criança fascinada com o cheiro do jornal.
Meu sonho estava se tornando realidade.
Tornou-se. Sou jornalista.
Na verdade sou jornalista faz mais de 10 anos.
Nunca tive um texto publicado.
Nunca entrei em uma redação.
Muito menos em uma rádio.
Nunca fui o que sempre quis ser.

2 comentários:

  1. Como assim não é?
    É lógico que é. E muito melhor que muitos que estão por aí.
    Só não está no lugar em que é seu. Ainda. Afinal, tudo acontece na hora certa.
    O que nunca ninguém vai tirar é exatamente isso, o amor pelo jornalismo e a essência que faz com que escreva de maneira cada vez mais envolvente.
    Sei exatamente o que é essa paixão pelo jornalismo.
    Parabéns pelo texto!

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  2. Olá Renato, tudo bem?
    Lindo o seu texto. Você escreve muito bem, Parabéns!

    Se puder visite o blog: http://poros-abertos.blogspot.com/


    Beijos!

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